“O SERTÃO TÊM HISTÓRIAS: LENDAS, MITOS E RELIGIOSIDADE” - Por CARLOS WENISO FONSECA VIANA
II CICLO DE ESTUDOS
“O SERTÃO TÊM HISTÓRIAS: LENDAS, MITOS E RELIGIOSIDADE” -
Relatório da viagem ao Altiplano Sergipano
- Sábado, 26 de janeiro de 2013.
Dia lindo céu parcialmente nublado, sol radiante sem sinal de chuva. Aguardamos o ônibus no Posto Serrano em frente à Rodoviária Nova para darmos início a viagem.
Retiramo-nos de Aracaju por volta das 7 horas da manhã com destino ao Alto Sertão sergipano, especificamente, aos Municípios de Nossa Senhora das Dores, Nossa Senhora da Glória, Monte Alegre de Sergipe e Sítios Novos, povoado de Poço Redondo.
A primeira cidade a visitarmos foi Nossa Senhora das Dores: pequena cidade sergipana, localizada no Médio Sertão tendo a pecuária como carro forte de sua economia.
Nessa localidade conhecemos o quanto o povo sergipano preza por suas tradições religiosas.
Em Dores existem várias manifestações, entre elas: Os Penitentes, a Procissão do Madeiro, do Senhor Morto e outras que fazem parte da religiosidade local.
Nesse mesmo dia, logo após o almoço assistimos à aula da professora Magneide a respeito dos Penitentes e do docente João Paulo sobre a história do Município de Nossa Senhora das Dores. Segundo Magneide, os penitentes existem em Nossa Senhora das Dores há muitos anos. O grupo é formado somente por homens que saem as ruas na sexta-feira da paixão com o intuito de expiar seus pecados, vestem-se com lençóis brancos e percorrem várias igrejas, cruzeiros e o cemitério da cidade, rezando pelas almas dos mortos.
Outrora, a Igreja Católica não aceitava tal prática religiosa, contudo nos dias atuais os penitentes têm o beneplácito do padre da comunidade.
O cortejo dos Penitentes angaria pessoas de Municípios circunvizinhos.
Posteriormente nos dirigimos à cidade de Nossa Senhora da Glória, essa se destaca na produção de leite, sendo assim, o berço-leiteiro do Estado de Sergipe. Aí ficamos hospedados na Escola Léon Gregório.
À noite o professor Lindvaldo explanou sobre a lenda de João Valentin, homem que se transformava em lobisomem e outros animais como cachorro, gato para ajudar as pessoas ou dá lição de moral.
Sem dúvida você já ouviu falar sobre a Lenda do Lobisomem, pois quando criança minha avô contava sobre certa “pessoa de idade” que se transformava em lobisomem para amedrontar as pessoas.
O lobisomem é um dos mais populares monstros fictícios do mundo. Suas origens se encontram na mitologia grega, porém sua história se desenvolveu na Europa. A lenda do lobisomem é muito conhecida no folclore brasileiro, sendo que algumas pessoas, especialmente aquelas mais velhas e que moram nas regiões rurais, de fato creem na existência do monstro.
Em seguida teve a palestra do docente Wilde acerca de Véio, artesão gloriense cujas obras em madeira são conhecidas nacional e internacionalmente. Depois das preleções aconteceu o sarau com música de alta qualidade.
Já no Domingo, 27, fomos a Monte Alegre de Sergipe aferir as muitas versões sobre João Valentin. O professor Eloy (Foto 01), nos contou sobre o famoso homem que virava lobisomem, o curioso é que João Valentim só praticava o bem, mas segundo Eloy havia outro homem comum, mas nas noites de sexta-feira quando a lua brilha em todo esplendor, calma serena, transforma-se em lobisomem e corre pelos prados, uivando lugubremente, invade galinheiros, devora cães e suga sangue das crianças que encontra pelo caminho. Ao romper da aurora é novamente um homem simples.
Saímos da casa do senhor Eloy para visitar o cemitério (foto 02), onde repousa o corpo do suposto homem que se transfigurava em um ser híbrido para assustar e fazer o mal às pessoas. O nome dele?! Não sabemos, a história oral preserva no mais profundo silêncio sepulcral!
Deixamos a cidade onde a lenda do lobisomem está viva na memória das pessoas, para ir a Sítios Novos almoçar e conhecer a Cavalhada (Foto 03).
De acordo com o Dicionário do Folclore brasileiro de Câmara Cascudo, define cavalhada como desfile a cavalo, corrida de cavaleiro, e jogo de argolinhas.
De origem Ibérica, a cavalhada ou argolinha recorda os torneios equestres medievais. Em Portugal, o torneio das cavalhadas era realizado nas festas religiosas ou políticas. Dele participavam os monarcas, com os príncipes e fidalgos da casa real, até tornarem-se um divertimento popular.
Notamos que a cavalhada de Sítios Novos é dividida em três partes, obrigatoriamente nessa ordem: visita à Igreja, corrida de argolinhas e escaramuças.
A cavalhada é constituída por doze cavaleiros ou pares. Os dois pares dianteiros têm o nome de primeiro e segundo matinadores (em outros Estados, mantenedores), que são os chefes respectivamente dos cordões encarnado (vermelho) e azul. Os matinadores, bem como os outros cavaleiros, devem ser mestres na arte da cavalhada, pois desses últimos, cabe obrigatoriamente à retirada da argolinha, caso não o tenham feito os que os antecedem na corrida.
Após a retirada da argolinha, o cavaleiro deve mantê-la na lança até o recebimento dos prêmios dados pelos partidários, amigos, admiradores, parentes ou “professor endinheirado”.
Depois de pegar as argolinhas com a lança, os cavaleiros ficam só atingindo a barra. Em seguida, os mesmos vão para frente da Igreja ou Capela agradecer ao público presente, finalizando com dança.
Na localidade que visitamos, tal folguedo atraí as pessoas da região
Saímos da casa do senhor Eloy para visitar o cemitério (foto 02), onde repousa o corpo do suposto homem que se transfigurava em um ser híbrido para assustar e fazer o mal às pessoas. O nome dele?! Não sabemos, a história oral preserva no mais profundo silêncio sepulcral!

Comentários